1 mês sem Instagram, um relato pessoal
Antes de você pensar que eu deixei o Instagram de lado buscando mais produtividade durante o dia ou para reduzir o vício em redes sociais, quero deixar explícito o motivo para tal ato: perdi acesso a minha conta do Instagram devido a quebra do celular antigo (aliás fica para outro post a discussão de como esse aparelho pequeno interfere na nossa vida moderna)
Pois bem, dado o problema inesperado, aproveitei a situação para ficar um tempo sem o Instagram que, hoje, completa um mês sem rolar um feed ou visualizar um stories. Se pudesse apenas usar duas palavras para descrever o sentimento eu diria: 1) abstinência e 2) FOMO (`Fear Of Missing Out` ou, em PT algo como `Medo de Ficar de Fora`). Vou falar um pouco de ambos.
Sentimento de abstinência é claro. Navegar na internet e, principalmente, em redes sociais é viciante. Sim, é um vício químico e psíquico, porque o uso dessas ferramentas libera constantemente serotonina, causando uma disrupção no sistema dopaminérgico nosso e a consequência é que precisa consumir cada vez mais para se satisfazer (e não, jejum de dopamina não existe e não ajuda, mesmo se vivêssemos sem momentos de prazer, nosso corpo fabricaria serotonina então não existe jejum desse químico). Ao largar esse vício, uma abstinência surgiu no meu corpo que, em termos práticos, eu sinto ao pegar, em momentos aleatórios, meu celular como se fosse utilizar o Instagram e também no buraco que fica no dia por liberar horas que antes não existiam.
Olha lá, se tenho mais horas livres no dia fiquei mais produtivo, certo? Ééé, não é bem assim. Claro que senti, sim um aumento da produtividade por ter minutos a mais para fazer minhas atividades diárias, mas uma parte dos minutos liberados ao não usar mais o Instagram foram transferidos para outros vícios que ainda tenho acesso, como o Youtube (outra rede social). Fiquei mais produtivo também, não só por um pouco de tempo que liberei e agora emprego devidamente, mas também por ter menos momentos de interrupção durante certas atividades. Antes, eu checava o Instagram com frequência durante o trabalho, interrompendo minha linha de raciocínio e o `flow` do momento. Hoje, esses momentos existem, mas ocorrem com menor frequência. Mais foco gera mais resultado.
E o FOMO? Caramba, o sentimento de estar excluído de uma parte da sociedade é real. Ao sair em confraternizações, é comum as pessoas tirarem fotos, que, convenhamos tem apenas um propósito: garantir que estamos mostrando ao mundo que estamos fazendo algo (seja sincero contigo, vc sabe que é vdd isso). Como não tenho mais Instagram e não uso Facebook e TikTok, eu me sinto deslocado em não ser mais uma dentre as pessoas quem tiram foto para as redes sociais. E, claro, existe a decepção em não poder ver a foto postada no perfil do amigo e olhar os comentários? Chato isso.
Outro FOMO que sinto estar perdendo é relacionado a interrupção no consumo de conteúdos que considero importante oriundos de perfis escolhidos à dedo. Esse FOMO é difícil de lidar. Sejamos sinceros pela segunda vez: se você, em algum momento sequer, já questionou seu uso de redes sociais, com certeza, já buscou alternativas para deixar o uso do app mais consciente e com maior qualidade, em vez de abandoná-lo. Geralmente, procurar por perfis e conteúdos de qualidade é um desses caminhos. E com isso, apaziguamos nossa mente que reclama de usar muito a rede social com a seguinte frase: `estou vendo conteúdo útil e aprendendo`. KKKK, balela, nos enganamos muito. O conteúdo pode até ser de qualidade, mas ficar 2h por dia no celular vendo esse conteúdo que muitas vezes nem colocamos em prática no dia-a-dia não é saudável e ainda é considerado vício. Uma voz ecoa em mim, dizendo para voltar a ter Instagram para continuar consumindo conteúdo de qualidade e continuar aprendendo sobre assuntos que acho legal e/ou produtivo. FOMO is real!
Mas, apesar da abstinência e FOMO existirem ainda hoje, eu considero esse um mês sem Instagram como majoritariamente positivo. Ficar longe das redes sociais e do consumo ávido e desenfreado de conteúdos (seja supérfluos ou de qualidade) deixa o dia mais leve. Mesmo usando as redes no modo à toa, o nosso cérebro está processando informação, o que aumenta o seu desgaste e, por isso, ao usarmos por muito tempo uma rede rede social, sentimos que não estamos descansados, pelo contrário, parece que ficamos com a cabeça pesada. Ao não ter esse consumo, é como se ao longo do dia, meu cérebro consumisse menos informação. Outro ponto positivo é que, além desse quantidade massiva de informação evitada, tem a qualidade dela que pode nos impactar. Conteúdos ditos pesados, como política, guerra, doenças, problemas ambientes, entre outros, nos deixam para baixo. Ficar sem Instagram me trouxe um sentimento de estar um pouco alheio dos problemas do mundo (que eu não posso corrigir) e, portanto, também permite meu dia ser mais leve.
Resumo da ópera, continuarei do jeito que está, por enquanto, e acompanhando o que sinto. Apesar dos contras supracitados, os positivos são melhores e é o que me mantém de resgatar minha conta do IG ou criar uma nova.
XOXO
JP